'Serial killer de Alagoas': MP aponta perfil psicopata em acusado de matar mulher trans no Vergel
MP pede condenação por homicídio triplamente qualificado: feminicídio, motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima
TATIANNE BRANDÃO e ROGÉRIO COSTA
06/06/2025 às 9:29 - há XX semanas
MP aponta perfil psicopata em acusado de matar mulher trans no Vergel do Lago. — Foto: Misnitério Público
Conhecido como o “serial killer de Maceió”, Albino Santos de Lima será julgado nesta sexta-feira (6) pelo assassinato de Louise Gbyson Vieira de Melo, mulher trans executada com um tiro na cabeça no bairro Vergel do Lago, em novembro de 2023. O júri popular acontece no Fórum da Capital e deve se estender até o fim da tarde. O Ministério Público de Alagoas (MPAL) pede a condenação por homicídio triplamente qualificado.
Segundo o promotor Antônio Vilas Boas, o perfil de Albino é de um psicopata.
“Hoje estaremos realizando o júri de uma série de seis, e esse não foge à regra. O tipo de vítima atende ao perfil do acusado, que, a meu sentir — e aí é uma opinião pessoal —, não a de um psicopata, um homem que lhe falta empatia, é insensível ao sofrimento alheio, tem um comportamento depressivo e um distúrbio de personalidade antissocial. Ele entende que o mundo gira em torno do seu umbigo, tem um sentimento de justiçamento, exterminando jovens que, a seu ver, são dados à prática de crimes”, declarou Vilas Boas.
Conforme o promotor, Albino, em depoimentos, chegou a alegar que cometia os crimes por ordens do arcanjo Miguel, uma tentativa de transferir a responsabilidade para uma suposta inspiração divina.
A vítima foi assassinada ao retornar da escola no dia 11 de novembro de 2023. Segundo as investigações, ela desconfiava estar sendo seguida e chegou a pedir ajuda a uma amiga, que a acompanhou até próximo de casa. Testemunhas relataram ter visto um homem de estatura média, vestido de preto, se aproximar antes de disparar à queima-roupa contra a vítima.
De acordo com o Ministério Público, Albino monitorou a rotina de Louise durante sete meses, inclusive pela academia e redes sociais.
“O réu praticou stalking durante sete meses, monitorando a vítima desde a academia e estudando seus hábitos pelas redes sociais”, afirmou Vilas Boas, titular da 47ª Promotoria da Capital. A arma apreendida com o acusado foi identificada como a mesma usada no crime.
A acusação é de homicídio triplamente qualificado, com as qualificadoras de feminicídio, motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Louise era uma mulher trans, e o MP sustenta que sua identidade de gênero foi um fator determinante para a escolha do crime.
O réu responde a sete denúncias por assassinatos semelhantes, com julgamentos previstos mensalmente até o fim do ano na 7ª Vara Criminal da Capital.
“Temos seis processos dele na 7ª Vara. Hoje é o primeiro que vamos julgar, já temos outro para julho, e a previsão é termos um por mês até o final do ano. Uma vez condenado em todos os processos, ele pode pegar no máximo 40 anos de prisão, contados a partir do último julgamento”, explicou o juiz Yulli Roter Maia.
O júri está previsto para encerrar no final da tarde desta sexta-feira.
EM BUSCA DE JUSTIÇA
Para familiares das vítimas, o julgamento representa uma esperança de justiça.
“Esperamos um julgamento justo, que ele seja condenado, permaneça naquela cadeia. É isso que ele merece, por fazer tanto mal a tanta gente, por ter feito isso com a minha neta”, declarou Lucineide Vieira, avó de Louise.
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