Um documento de 24 páginas, chamado "Medidas para o retorno das atividades esportivas - Futebol", da Vigilância Sanitária da Prefeitura do Rio de Janeiro, quer moldar o retorno do público aos estádios na cidade. O texto, com as chamadas "regras de ouro", prevê escalonamento de horários para chegada ao estádio já no ingresso vendido - com proibição de o caso o torcedor não cumpra o determinado -, orientação de torcedores para ocupação de assentos sinalizados nas arquibancadas e máscaras obrigatórias em todos locais.
Veja abaixo todas as regras para volta aos estádios
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O tema ainda gera discussão entre dirigentes, torcedores e chamou a atenção fora do país. O Rio de Janeiro, hoje, é o único local do país com previsão de permissão de público - no caso, 1/3 da capacidade do estádio a partir de 10 de julho. Reportagem doGloboEsporte.commostrou que apenas seis países, entre os 50 melhores ranqueados pela Fifa, permitiram o de público.
Em lados opostos no retorno ao futebol, os clubes grandes se dividem sobre abrir os portões aos torcedores. Botafogo e Fluminense já se anteciparam em dizer que não vão abrir estádios em seus jogos. O vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, se manifestou em entrevista ao jornal "O Dia" e disse que "o Flamengo não aprova e nem reprova. Flamengo cumpre lei". O Vasco ainda não se manifestou sobre o assunto.
Se o Flamengo vencer o Boavista nesta quarta e conquistar a Taça Rio no dia 8, o Carioca acabará antes da liberação de público nos estádios. Se houver final da competição, os dois jogos poderiam ter arquibancadas abertas. No momento, a previsão da CBF para início do Brasileiro é dia 9 de agosto, mesma semana em que deve haver a volta da Copa do Brasil. A Libertadores e a Sul-Americana não têm previsão.
O texto do decreto da prefeitura permite :
Nesta terça, a partir das 15h45, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, vai falar sobre o plano de retomada do futebol. Os clubes, a Ferj e representantes da Vigilância Sanitária também realizam nova reunião nesta noite. Primeiro, vão avaliar a primeira rodada realizada, mas também vão discutir a implementação de abertura de estádios no Rio de Janeiro.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Defensoria Pública pediram explicações à Prefeitura sobre o plano de retomada de diversas atividades na cidade. Entre elas, o futebol com portões abertos para 1/3 da capacidade do estádio.
Na última sexta, a Defensoria enviou ofício para a Secretaria Municipal de Saúde e para a Prefeitura com pedidos de atas de reuniões tanto do comitê científico montado quanto da secretaria da pasta. Os defensores querem compreender os critérios adotados no Rio para esta flexibilização.
- Eles não explicaram que estudo foi esse que liberou (a abertura). Qual a previsão de impacto na saúde, na disposição de leitos, em respiradores, em testagens, em profissionais de saúde, em possíveis novos casos? Por que escolhemos essas atividades e não outras? - questiona a defensora Thaisa Guerreiro.
A Defensoria espera receber resposta da Prefeitura até quarta-feira. Ainda estuda possíveis medidas para adotar, caso as explicações não sejam embasadas e suficientes. Anteriormente, em Ação Civil Pública junto ao MP, conseguiram suspender a flexibilização na Justiça, mas por pouco tempo.
- Por que abrir para 1/3 da capacidade de público? Isso não está claro. Como os indicadores disponíveis estão sendo pesados nessas escolas, qual o peso de cada indicador? Podemos ter baixa na taxa de leitos, de transmissão, em determinado momento, mas pode acontecer de a rede hospitalar estar superlotada. Como se chega em cálculo matemático de que se pode avançar ou não nessa flexibilização? - pergunta a defensora pública.